quinta-feira, 31 de março de 2011

Unholy Confessions.


Era um dia nublado de uma quinta-feira, beirando às 18:00 horas e como sempre, eu estava caminhando pelo Parque Heil. Nada de muito diferente: pombos rodeando os senhores que jogavam pipocas ao chão, mulheres caminhando com roupa de ginástica, doidas para perder alguns quilos, crianças guiando seus cachorros em uma divertida corrida. Sentei-me no banco em frente ao grande lago acinzentado, onde a neblina ofuscava a vista de quem o olhasse. Retirei do bolso de minha calça uma carteira de cigarros e um isqueiro, acendi e o traguei com imenso prazer. Minhas pernas sempre tremendo rapidamente devido a minha ansiedade. Gostava de ir até esse local para observar as pessoas, a vista, o céu. Eu apenas gostava dali, sem motivos especiais, sem lembranças marcantes em algum lugar bonito em baixo de uma grande árvore. Finalizei o meu cigarro e derrubei no chão esmagando-o, levantei, espreguicei-me, coloquei as mãos no bolso do casaco e voltei a caminhar pela ciclovia, rumo a saída do Parque.
Cheguei ao meu apartamento... Tão vazio, tão sem vida, tão triste, respirei fundo com os olhos fechados e coloquei a chave na fechadura e rodei a maçaneta. Entrei e fechei a porta, repousei minha testa sob a mesma e a esmurrei. Caminhei pesadamente até o meu quarto e me joguei sob a cama, peguei um litro de conhaque que deixava em cima da cabeceira e tomei três longos goles. Não queria aceitar a realidade... Eu não estava aceitando-a de fato.

- Sinto a sua falta... 

Murmurei e logo acendi um cigarro, fumei e o apaguei no cinzeiro. Andei até a gaveta onde guardava minhas drogas diárias e lá estava a seringa com o frasco de insulina ao lado. Peguei a dupla e deixei em cima de minha cama. Vi que ainda havia maconha ali e ajeitei a erva em um papel vegetal, enrolei-o e acendi, fumei até ficar completamente fora de órbita. Sentei em minha cama, fitando os objetos que acabara de depositar lá. Tomei mais dois goles do conhaque, retirei o bilhete que estava em meu bolso, que carregava sempre comigo e o segurei firme, preparei a injeção e apliquei. Minha respiração foi ficando lenta, sentia meu sangue pulsando rapidamente, comecei a me debater e logo tudo ficou escuro.

“Jimmy, não há vida sem você... Eu te amo.”

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