segunda-feira, 23 de maio de 2011

Anonimato.


                Eu estou sempre em busca dos significados, sempre tentando entender as entrelinhas, querendo perceber os detalhes. É apenas um passatempo que eu criei inconscientemente para me distrair desse mundo tão escasso. Sempre tentando entender as pessoas, seus defeitos, qualidades, seus medos e suas vitórias. Eu sempre quero saber o que ocasionou aquilo ou porque tal pessoa tem essa personalidade. Eu gosto do complexo.
                Mas nessa brincadeira de entender o que me cerca, eu esqueci de me desvendar. Não sei ao certo em que momento eu me deixei de lado, apenas sei que nada sei sobre mim. E então comecei a pensar: “Mas quem de fato sou eu?” Nenhuma resposta era a que eu queria. Estou precisando me achar. Estou precisando descobrir quem, ou o que eu sou. Mas tenho medo do que possa ser revelado. Esse anonimato não me incomoda, o que me incomoda é saber que eu consigo analisar todas as coisas com precisão e esqueci de mim mesma, deixei o detalhe mais importante de minha vida passar diante dos meus olhos: eu. Sou uma desconhecida para mim. Uma anônima.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Incertezas.

                O silêncio me agrada não pela comunicação não me atrair, mas sim por apreciá-lo de fato. Nesses últimos dias é ele quem está me mantendo em pé, com forças pra seguir adiante. Saber que a restrição é um passe necessário para um futuro que talvez já esteja predestinado a acontecer dói, mas não nada pode ser feito, por enquanto...


A: Nós falamos sobre tudo.

B: Menos sobre nós.

A: Não há nada pra se dizer.

B: Falar sobre nós não é importante?

A: Sentir é o mais importante.

B: E o que você sente?


                É essa a pergunta que anda me perseguindo instintivamente: “O que você sente?” Seria esse apenas mais um capítulo de uma história mal contada ou o início de uma fábula encantada? Rasga-me milimetricamente o peito não saber se o que eu sinto é correspondido.
       Se eu segurar a sua mão promete que não vai soltar? Se eu te pedir pra ficar e nunca partir? Se eu afirmar que desistir de você seria a maior estupidez? Se... 


A: É muito difícil ficar perto de você.

B: Pra mim é insuportável.

A: Eu quero sentir o teu calor no meu corpo o tempo todo.

B: Eu quero você o tempo todo.


                Chega uma hora que a gente aprende a lidar com a situação mesmo sabendo que ela te destrói. Fingir que nada aconteceu – e está acontecendo – é torturante, mas eu aceito o desafio. Deixe que o silêncio tome conta quando as palavras precisem ser restritas e o desejo contido.

terça-feira, 17 de maio de 2011

In the edge.

Eu estou sentada na beira de um precipício ouvindo o canto dos pássaros. Eu elevo meus braços ao céu e sinto-me livre. Olho para baixo e percebo que a distância para um lugar mais bonito não é tão grande. Fecho os olhos e imagino como seria voar por alguns segundos. Senti a necessidade de gritar para soltar todos os meus demônios, pude ouvir o eco, minha mente ficou mais leve.

Eu estou sentada na beira de um precipício percebendo que é o fim de uma vida que jamais fora minha. Consigo esboçar um sorriso suave. Agora eu tinha controle sobre algo, minha decisão. Eu esperei por muito tempo sentir suas mãos segurando meus ombros, impedindo-me de cair. Você nunca vai estar presente.

Eu estou caindo no precipício sentindo que agora tudo faz sentido...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Querida dor.

                Os dias estão passando. E cada vez, um fica mais difícil que o outro. É difícil seguir em frente quando não há mais razões pra isso. É difícil caminhar sabendo que nada vai mudar. E eu me sinto culpada, entende? Faço e tenho tudo que eu quero, nada me falta, mas mesmo assim essa maldita infelicidade que não vai embora. Essa maldita vontade de acabar com a minha vida. 

                Eu não estou mais conseguindo deixar essa máscara grudada em meu rosto. Sinto que ela irá desabar. Eu me sinto tão incompleta e incompreendida. Dói mais ainda ter que esconder essa minha amargura, apenas por aparências. E sabe o que é mais frustrante? Eu não consigo chorar! Eu não consigo aliviar, não tenho uma válvula de escape. Eu vou acumulando até não caber mais em mim e eu transbordar em palavras sem sentido.

                Habituei-me com a dor... Ela me faz companhia quando todas as pessoas que julgam estar comigo em qualquer momento somem. Eu queria por um instante sorrir sem forçar, apenas por um instante... Gostaria de saber como é a sensação de felicidade plena, harmonia e paz. Trocaria minha vida por alguns instantes disso.

                Não consigo explicar... Mas é uma dor que começa na boca do estômago, sobe até os pulmões, destroça o coração e invade a mente. Faz a garganta ficar seca, as mãos suadas e trêmulas. As pupilas dilatam e a audição fica aguçada. As pernas se mexem sem parar. As unhas são roídas. É uma dor psíquica que está tomando o físico.

                Perguntas... Perguntas... Elas estão assolando a minha vida. Respostas, eu preciso delas, logo.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Última chance - perdida.

                Tentei deixar as coisas acontecerem seguindo a minha emoção, mas não deu certo – como já era o esperado – então, voltei para meu padrão: escolhas óbvias e racionais. Não vou mais me permitir sofrer por motivos que são desnecessários. Não vou mais procurar o que, ou quem me falta. Isso só prova que na realidade eu estou buscando o sofrimento.
                Descarto o sentimentalismo de vez. É tão ridícula essa história de que todo ser humano precisa de alguém para ser feliz. Não é questão que quem te faz feliz e sim, do que te faz feliz. Prefiro ficar só, com os meus pensamentos. Prefiro não sentir nada. Prefiro ser fria e seca quando o assunto é amor, do que estar sempre chorando pelos cantos por algo que nunca foi meu de fato, e provavelmente nunca será. 
                Sempre a mesma história, muito “blablabla”. O amor não é para mim, eu não consigo e eu não quero. Acho que é apenas uma ilusão criada para dar esperança a tantos desamparados e deixados de lado, carentes.
                Parei de me importar, parei de bolar perguntas, diálogos, afirmações que não tem o mínimo sentido. Estou doando o meu coração, alguém aí aceita?

domingo, 1 de maio de 2011

Nostalgia.


                Preciso de cigarros, bebidas, rock’n roll vagabundo e muito tempo livre.

                Eu me deparo com uma vida que eu sempre pensei que seria impossível conseguir. Correndo contra o relógio, eu estudo, trabalho, faço curso, treino, amo, odeio, me estresso, fico feliz e durmo pouco.

                Nostalgia. É o que sinto a maior parte do tempo quando lembro que eu tinha apenas um livro rasgado, um maço de cigarros pela metade e um litro de uísque sob a cabeceira da cama. Meu jeans surrado, meu all-star sujo e meu cabelo desarrumado. Minha trilha sonora variava entre KISS, AC/DC, Black Sabbath, Motley Crue e Led Zeppelin. Devo admitir que foi a época mais gostosa da minha vida – embora fosse muito solitária e triste. 

                Me faz grande falta poder ficar sozinha uma semana inteira, poder saborear o silêncio durante infinitas horas, sair de órbita e imaginar mundos além do nosso com vidas completamente diferentes. Me faz grande falta ser irresponsável e inconsequente.

                Mas eu cresci e a vida teve o prazer em me dar grandes e covardes surras, sabendo que eu ainda não conseguia me defender. Com o tempo eu aprendi que o mundo não é algo simples de se lidar e devo admitir que pra entender isso foi bem difícil. Mas esse processo foi bem necessário.

                Hoje em dia eu tenho tudo que minha mente ousou a sonhar, e não tenho do que reclamar. Mas às vezes, somente às vezes, eu gostaria de tirar umas férias dessa confusão e deitar em uma rede ao som dos clássicos dos anos 80, fumar um Marlboro e beber um Jhonny Walker.