sábado, 30 de abril de 2011

Amor e dor.

Doze graus negativos era o que marcava o grande termômetro situado no meio da praça. Sullivan, em pequenas e pesadas passadas de perna, caminhava dentre as árvores secas e bancos de madeira úmidos. Suas mãos estavam aninhadas dentro do bolso do casaco, seu rosto estava congelado e seus dentes tremiam com violência. A nevasca da tarde fora forte o suficiente para encobrir a cidade em 10 cm de gelo. Arriscou acender o cigarro, mas as suas mãos enrijeceram, então desistiu. Sentou à frente do chafariz congelado e fechou os olhos, suspirou fundo com sua mente sendo inundada de lembranças.

 “... Os cabelos negros e compridos dançavam quando o vento soprava. Seus olhos brilhavam quando o feixe de luz achava o seu rosto rosado. Sua risada era uma melodia suave.
- Jimmy pare com isso. – Disse-lhe a mulher que estava sendo fotografada, soltando um riso alegre.
- Eu preciso registrar a beleza mais valiosa do mundo. – Disse o homem ainda fotografando-a.
Ela então, alegre e delicada caminhou até o seu parceiro, tirou a máquina de fotografias de sua mão e depositou-a em cima da cama onde ele estava sentado. Fez com que o rapaz deitasse, e subiu em cima dele dando-lhe inúmeros beijos.
- Eu sou sua. – Dito isso o beijou com imensa necessidade, como se ficar sem aquilo pudesse ser pena de morte.
Ele acariciou o rosto da dona de seu coração e disse com a voz baixa: “Eu te amo.” Ela o olhou com serenidade e disse o mesmo, voltaram a se beijar, dessa vez com mais intensidade e então se amaram a noite toda...”.

Um pequeno sorriso esboçou o rosto amargurado de Sullivan, mas logo sentiu uma lágrima rolando em sua face e ao mesmo instante sendo congelada. Passou a mão em seu rosto a fim de tirar aquele gelo dali. Curvou-se para frente, apoiando os cotovelos no joelho e a cabeça nas mãos. Amaldiçoou ter nascido quando outra lembrança lhe invadiu o pensamento.

“... O rádio do carro estava ligado, a trilha sonora era Led Zeppelin, ambos gostavam dessa banda nos anos 80.
- Jimmy vai mais devagar, por favor. O chão está escorregadio devido à neve. – A voz de sua amada estava tensa, mas ainda soava como a mais pura melodia.
- Kathy não seja boba, o que poderia nos acontecer? – Ele olhou em seus hipnotizantes olhos negros e sorriu e ela fez o mesmo. Então ele acelerou um pouco mais e ambos começaram a rir. Mas o riso logo acabou.
Jimmy havia atravessado um sinal vermelho, a rua que cruzava a que ele estava era de trânsito violento, então uma carreta os atingiu pelo lado do passageiro. O carro rodou três vezes no ar e oito quando atingiu o chão. Quando parou estava de ponta cabeça, completamente destruído. Os dois estavam conscientes, ainda.
- Kathy? Kathy meu amor, está me ouvindo? – Disse tocando o rosto ensanguentado da mulher.
- Jim... Jimmy... O que houve? – Sua voz era de agonia.
- Sofremos um acidente, me perdoe, por favor. Eu devia ter lhe ouvido. – E, começou a derramar lágrimas.
- Eu te amo não se esqueça. – Disse ela com a voz ficando mais fraca e baixa.
- Não! – Ele gritou. – Kathy fica comigo, não fecha os olhos. Fica comigo, fica comigo, fica comigo. Kathy... NÃO! – Ele berrou ao ver que o peito dela não se mexia mais com a entrada e saída de ar nos pulmões...”.

Levantou transtornado, e deu socos violentos em uma árvore, fazendo sua mão sangrar e ficar cheia de lascas de madeira. Ele queria gritar, mas sua voz era falha, ele não tinha mais forças para nada. Ficou de costas para a árvore e foi deslizando até sentar no chão. Então abraçou os joelhos e chorou durante horas. A escuridão já estava desaparecendo quando alguns feixes de luz indicavam que outro dia estava prestes a começar. Sullivan então se levantou e seguiu rumo a sua casa, levando consigo a dor, a culpa e a tristeza.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O mundo é muito mais que dinheiro.

Sabe o que é revoltante? Saber que o mundo dá tantas oportunidades para todas as pessoas e a única coisa que elas fazem é reclamar. Falta de dinheiro, má sorte no mercado financeiro, dívidas... É sempre a mesma triste e velha história: o ser humano só sabe reclamar quando lhe falta a moeda que move o mundo.
A vida é muito mais que isso. O mundo é uma jornada tão emocionante, sinistra e intensa que perder tempo com assuntos que não são prioritários torna-se sem graça. Existem tantas coisas para serem descobertas, tantos livros para serem lidos relidos e sentidos, tanta música pra te tirar do chão, tanta paixão pra ser vivenciada, uma família para se amar. Amigos, amores, afetos, tanto... É tanto! 

Dinheiro não é tudo, dinheiro é descartável, passa de mão em mão, vai-e-vem, dá problemas, suja seu nome, faz seu estresse crescer.
É uma questão de ponto de vista e o meu é o seguinte: um ser humano se estressa mais pelo dinheiro (pela falta), do que por coisas que são importantes. O ser humano está deixando de viver e sentir para viver e gastar.
Falta sentimentalismo. Falta abrir os olhos e ver que o mundo é muito mais que uma nota impressa.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Calabouço.


Calabouço é o andar mais profundo de um castelo, geralmente utilizado como prisão (como na bastilha), como armazém ou como porão.
É descrito em filmes e livros de terror como um lugar com pouca iluminação, muito empoeirado e de difícil acesso.”


Sempre fui péssima em auto definição mesmo sabendo exatamente como eu sou.  É difícil eu ter de admitir que me tornei uma pessoa completamente fechada a sentimentos bons, eu costumava fazer de tudo para senti-los e, de uma hora pra outra isso mudou. Não sei ao certo em que momento da minha vida essa condição começou a se tornar permanente, só sei que agora é difícil desfazer-me dela.
Fechada a sete chaves numa profundidade de dez metros, sem janelas para iluminação interna e para deixar a brisa percorrer o cômodo. A única coisa que se pode notar é a escuridão. Entre quatro paredes muito bem construídas para evitar que sejam quebradas por alguém de fora que queira conhecer esse local inexplorável, e também evitar que o residente possa saber o que há além daquilo que está habituado.
Preciso saber se existe vida atrás dessas paredes espessas, necessito conhecer a sensação da liberdade, poder respirar o ar puro. Preciso me libertar desse calabouço que me enfiei, preciso de um feixe de luz que me mostre que vale a pena sair de um mundo escuro e fechado.
Eu desejo isso mais que qualquer coisa, só preciso que alguém me guie nesse processo difícil.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Sobre o romance.


Minha espera árdua finalmente chegou ao fim, agora eu estou provando do perigo de uma das sensações mais gostosas do mundo: um romance proibido.
Aquele gosto de fazer escondido pra ninguém saber. Manter um segredo absurdo. Fazer o que sempre deu vontade. Poder saborear algo completamente diferente mas totalmente viciante.
Era disso que eu precisava: do perigo.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Um fim a agonia.


É como um pesadelo, que quanto mais você grita, menos chance tem de fugir. É algo que te envolve dos pés a cabeça, te domina e te tira do controle. Essa agonia que não passa, essa mágoa que corrói. Dói demais saber que não há como acordar. Procuro desesperadamente a saída, não acho e entro em pânico, como num labirinto.
Não consigo mais sorrir, não consigo mais pensar, chorar, falar. Perdi o controle sob mim... Meus pulmões doem de tanto gritar por socorro e não obter respostas em troca. O eco do meu desespero está me matando.
Eu quero um fim para essa história mal contada. Absolutamente não vai ser um final onde todos saem felizes, sempre gostei do drama, não esqueça...
Talvez essa dor se torne ódio, e o ódio me de coragem para dar um fim a essa agonia...

sábado, 9 de abril de 2011

O que você faria?


Quando a dor é tão grande que começa a obstruir tudo. Quando a dor é tão forte que não há mais razão nada, nem mesmo para levantar. Quando a mágoa cresce a cada dia te deixando vulnerável, estática. Quando você deseja que todos os sinais vitais parem aos poucos e machucando, fazendo com que você sinta que a dor é real.
O que te motiva a seguir em frente, respirar e te deixar forte? A dor tomou um lugar muito poderoso aqui dentro. O peito dói como sentir o álcool em uma ferida aberta, lenta e intensamente torturante. Quando você deseja dormir e nunca mais acordar, pois você sabe que ela nasceu contigo... Tomou conta do teu psicológico e físico.
A dor caiu em uma vala e não se levanta para achar o caminho de casa. Ficou ali, está acostumada.
Quando você é a dor.
Quando você não suporta ser a dor, sem saber por quê... O que você faria?

terça-feira, 5 de abril de 2011

À espera de algo que nunca vai chegar...


Minha vida é uma linha reta! Mas eu sempre tive chance de escolher a viagem e nunca optei por isso. Opções não faltavam. Escolhas: nunca as aproveitei de fato. A caminhada foi árdua, mas não estou no direito de protestos, eu procurei por isso. Tantos avisos no meio dessa estrada, tantos sinais dizendo: pare, atenção, cuidado... Sempre ignorados, deixados de lado. Eu vasculho a minha memória falha, tentando descobrir o momento em que deixei a cegueira me tomar. Tentativas frustradas, sem nenhum resultado. Cada um sabe o caminho que percorre, eu andei por campos desconhecidos. Sinto falta da sinuosidade. Preciso de uma bifurcação.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Nada mudou, nada vai mudar...


“Seus passos lentos percorreram um beco escuro e sem saída, recostou-se na parede e escorregou até ficar sentada no chão. Encolheu-se, abraçando os joelhos e após muito tempo, permitiu-se desabar: chorou, gritou e amaldiçoou.”