quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Você.

Toda noite de insônia é comandada pelos meus pensamentos focados apenas em você. Pudera eu te mostrar todas as coisas que já fantasiei entre nós.
Toda noite de insônia eu me perco nesses pensamentos que me tiram da realidade e deixam meus pés a milhas de distância do chão.
Toda noite de insônia.... Droga, por que diabos você tira até meu sono?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Respirador.

"O que quer que você faça na vida, será insignificante. Mas é muito importante que faça, por que ninguém mais fará. Como quando alguém entra na sua vida e metade de você diz: "você não está preparado". Mas a outra metade diz: "torne-a sua para sempre!" Remember Me.



Talvez seja isso mesmo. Você precisa traçar o seu destino independente de como o fará, pois ninguém vai intervir. Lutar, cair, vencer, perder... Não importa. Você vai sofrer ao menos uma vez na vida, ou até mais. Mas dizem que o final do sofrimento sempre há uma felicidade absurda. Eu particularmente ainda duvido disso. Talvez você ache injustiça alguém ter uma vida mais plena e feliz que a sua e você sinta inveja. Você pode ter perdido uma pessoa amada e ainda não ter se conformado com isso... Bom, acho que estou fugindo do tema, mas isso também não importa. Se eu desviei o assunto, era meu destino o fazer?


Aliás, você acredita em destino? Em Deus? Em coincidência? Ou não acredita em nada?


Tudo gira em torno da dúvida, já reparou nisso? Absolutamente tudo. Mas isso acaba quando você encontra alguém que faça essa sua dúvida ser esquecida ou amenizada. Quando você consegue ver que existe algo que faça você pensar além da duvida. Viver na dúvida.


Fechar os olhos e viver. Esquecer os porquês. Errar pra logo mais poder acertar. Ter a maior mágoa tatuada no peito, mas mesmo assim saber escondê-la de todos, mostrando-se forte e capaz de lidar com tudo.


Precisamos correr riscos! Precisamos aprender que mesmo não preparados para nada, estamos dispostos a tudo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Água Viva.

- Você é infeliz e sabe disso, mas mente! Mente para os outros e para você mesma. Você não tem uma alma, é um vazio completo. Procura felicidade onde não existe, inventa-a.

Nesse momento o chão começava a desabar. Minha força sumia. Minha coragem desaparecia.

- Isso não é verdade.

Eu gritei com minha voz abafada.

- Você pode mentir para todos, menos para mim. Eu consigo ver o seu interior: oco. Você procura respostas, mas frustra-se sabendo que elas não virão. Sua vida não faz sentido. Você não faz sentido!

O barulho da tempestade junto com os raios e trovões não era mais percebido a meus ouvidos. Só conseguia sentir a mão de meu irmão gêmeo segurando firme o meu braço.

- Não dê ouvidos a ele Penny.

- Eu estou mentindo mesmo, minha filha? Você é um nada, tal como sua falecida mãe.

Ele esboçou um sorriso malicioso e fitou meus olhos por alguns instantes. Peguei então a arma e disparei contra a cabeça daquele maldito, que explodiu na nossa frente. Brian me abraçou com força, seus braços eram grandes e envolviam todo o meu tronco. Eu estava estática.

- Penny, Penny... Você está bem?

- Estou.

Eu não estava bem. Nosso pai tinha razão, eu era infeliz e não tinha uma alma. A única razão para eu continuar a viver era Brian. Eu jamais me imaginaria longe dele, minha vida, meu sangue.

- Dê-me essa arma e vamos embora daqui.

Entreguei-a, Brian deu alguns passos, mas eu segurei seu braço impedindo-o de caminhar mais. Eu estava desesperada. O que nós fizemos? O que nós iremos fazer?

- Brian... Você sabe que nós vamos arder no Inferno.

- Se o Inferno existe, nós já estamos nele, meu amor.

Depositou-me um beijo quente nos lábios. Ficamos ali parados por longos minutos próximos a um corpo estendido e muito sangue. Recostei no peito de Brian e uma lágrima caiu, o esmurrei com pouca força.

-Ei, o que houve?

- O que vai acontecer quando nossos corações não baterem mais? Não há paz aqui, Brian... Você sabe o que esse monstro fez com a gente, nós não temos mais nada, só um ao outro. Eu tenho tanto medo. Medo de ficar sem você, de acontecer alguma coisa conosco. Eu não consigo, eu não posso viver sem você. Não é fraternal... É tão difícil. Agora precisamos fugir, nos esconder.

Meus olhos buscaram os dele desesperadamente, ele estava sério, com os lábios comprimidos. Eu sei que ele tinha os mesmos medos, as mesmas dúvidas e preocupações que eu, mas era mais forte, sempre foi mais forte que eu.

-Eu te amo. Com o resto nós nos viramos.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

That's all.

Tu achas que eu estou aqui. Tu achas que está conversando comigo, e que eu presto atenção, que eu concordo, respondo, discordo, te ouço, argumento e novamente discordo. Mas eu não estou aqui. Eu não estou nem aí. É que por tantas vezes eu achei que tu estivesse comigo, tantas vezes eu, inclusive, jurei que estava conversando contigo, e que tu prestavas atenção, concordava, respondia, discordava, me ouvia, contra-argumentava e, novamente, discordava. Mas você não estava aqui. Você não estava nem aí...
"Esteban Tavares".

terça-feira, 21 de junho de 2011

Ponto fraco revelado.

Estava em casa assistindo Star Wars – a melhor hexalogia a meu ver – matando o tempo, pois esse demorava tanto a passar. Impressionante como as horas tristes demoram uma eternidade. De pouco em pouco recebia e respondia SMS’s de velhos e atuais amigos. Então passando os olhos rapidamente pela minha agenda telefônica buscando outra pessoa para me distrair, o nome dela se destaca.


“Ei...” Eu mandei, sem saber o que falar, que assunto puxar, como eu diria que sinto saudades, não era tarefa fácil.
“Você ainda existe.” Foi essa a resposta que obtive.
“Pois é.”

Nesse instante o filme não me fazia mais diferença, estava assistindo o Episódio II – O Ataque dos Clones, deixei o filme rodando em meu notebook que ficou esquecido em cima da cama. Eu olhava veemente para o celular esperando que ele tocasse, queria conversar com ela novamente... Vibrou.

“Nunca se sabe, não é? Eu estava com saudades.” Ela sentia a minha falta. Porque ela ainda sentia a minha falta? Depois de tudo que eu a fiz passar, depois de tanto sofrimento e lágrimas? O que essa mulher tinha?
“Eu também... estava com saudades. Como você está?” Pausa para respirar um pouco mais fundo.
“Estou bem, daquele mesmo jeito de sempre. E sua namorada, Sophie – não é?” Ela tinha que tocar nesse assunto, sempre tão ágil quando quer informações.
“Não estou mais namorando, faz um tempo já. E você com seus amores?” Droga, ela sempre me dominava quando o que eu queria era apenas brincar um pouco mais.
“Há sete meses isso não me ocorre. Sinto falta do amor, você não?”
“Não me faz mais diferença.”
“Você... Nunca deve ter amado.” Quem ela pensa que é? Invadindo-me dessa forma? Aliás, eu não deveria tê-la cutucado, deveria tê-la deixada esquecida em minha lista...
“Quem sabe...” Perdi as palavras.
“Você é tão intocável...”

Não a respondi mais, em dez minutos ela havia conseguido me destruir. Um abalo sísmico ocorreu dentro de mim, não sei explicar. Parei alguns longos minutos para pensar: “Você não sente falta do amor?” É claro que eu sinto – seja lá o que for isso – e desejo encontrá-lo.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Apenas mais um desses clichês.

Ela está presente em corpo, mas sua alma fora destruída. Ela se sente perdida e confusa, esperando talvez que algo aconteça e possa mudar essa situação, mesmo sabendo que isso é impossível, ela ainda alimenta seu 1% de esperança...
Em um local não tão importante desse conto, dois rapazes – cujos nomes não fazem diferença - a observam atentamente e comentam sobre.


- O que faz essa garota sentada sozinha nesse dia tão frio, ao pé da escada?

- Emy teve o seu coração partido – pela enésima vez – e cansou do mundo.

- Mas um coração partido não é motivo para ficar dessa forma.

- Eu sei, mas para quem vive intensamente no e para o amor, é um grande motivo.


...Ou ao menos deveria ser... Para Emelly, era.


Ela se levanta para seguir seu rumo desconhecido, vagando por aí sem destino. Os olhares a acompanham, fora sempre tão vívida, iluminada, espalhando a sua alegria e diversão para com os outros que, quando a tristeza lhe invadiu, os olhos alheios especulavam. A temperatura deveria variar entre 6 ou 7 graus Celsius e ela estava vestida apenas com uma fina blusa de mangas compridas que escondiam suas mãos.


- Ei garota, psiu.

- O que diabos está fazendo?

- Preciso saber o que ela tem.

- Não faça isso.

- Porque não? Emelly venha até aqui.


A garota do coração partido caminha até os rapazes com uma expressão curiosa e ao mesmo tempo apreensiva. Cruza os braços a fim de aquecer dos dedos congelados pelo o vento cortante. Esboça um fraco sorriso quando pára na frente desses rapazes – que são seus amigos.


- O que houve?

- Não é nada Emy, esse idiota apenas está tentando provar mais uma vez que é um idiota.

- Já me acostumei com isso, deixe-me ver a idiotice de hoje...

- Então me diga: como é ter um coração partido?

- E porque isso lhe interessaria?


Um vago silêncio invadiu o local. Boba, tentando fugir do assunto que tanto lhe machucava fazendo piadas desnecessárias. Mas o garoto idiota não se importou, insistiu. Por fim sem mais delongas, Emelly botou pra fora o que lhe corroia.


- Deixe-me achar as palavras certas para você, idiota. Sabe como é dor de cortar o meio dos dedos com papel? Ou quando lhe apertam um machucado que ficou roxo? Topar na mesa da cozinha o dedo mindinho do pé? Queimar a língua com café quente?

- Eu não estou entendendo, ter um coração partido é o mesmo que ter essas pequenas dores insuportáveis, mas curáveis?

- Mas que coisa, deixe-me terminar sem interrupções. Como eu ia dizendo... Essas dores seriam uma Coca-cola bem após um Cooper de duas horas em um parque ensolarado. Uma lasanha quentinha quando seu estômago urra de fome. O prazer de ganhar um presente de alguém querido...

- Espere Emy... Você está me confundindo.

- Ótimo, agora eu preciso ir.


Emelly deu as costas a esses dois rapazes, suspirou fundo com um nó na garganta, desejando que ela se fechasse impossibilitando a passagem do ar a seus pulmões. Comprimiu os lábios e então pode prosseguir o seu caminho incerto. Com seus leves desejos doentios de que algum trágico acidente acontecesse com ela nesse meio tempo.
A morte é fácil, a vida é difícil. Pensava então.

domingo, 5 de junho de 2011

Insônia.


Cá estou eu, em mais uma noite de insônia embalada pelas respostas inacabadas pós-perguntas contínuas, e olha só o que eu consegui: um coração cortado por navalha afiada que sangra incansavelmente. 

Fantasiei por tantas vezes diálogos e ações. Imaginei e sonhei... Me precipitei. Deveria saber como eu me sinto e o quanto dói. Deveria perceber que as pequenas ações – não feitas – marcam muito.

A realidade é que eu sempre ansiei ter você aqui comigo, desde a primeira vez que te vi. Nossos mundos são diferentes, nossos pensamentos não batem. Não vale tentar algo que não vai prosseguir.

Tentei, consegui, desisti. 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Anonimato.


                Eu estou sempre em busca dos significados, sempre tentando entender as entrelinhas, querendo perceber os detalhes. É apenas um passatempo que eu criei inconscientemente para me distrair desse mundo tão escasso. Sempre tentando entender as pessoas, seus defeitos, qualidades, seus medos e suas vitórias. Eu sempre quero saber o que ocasionou aquilo ou porque tal pessoa tem essa personalidade. Eu gosto do complexo.
                Mas nessa brincadeira de entender o que me cerca, eu esqueci de me desvendar. Não sei ao certo em que momento eu me deixei de lado, apenas sei que nada sei sobre mim. E então comecei a pensar: “Mas quem de fato sou eu?” Nenhuma resposta era a que eu queria. Estou precisando me achar. Estou precisando descobrir quem, ou o que eu sou. Mas tenho medo do que possa ser revelado. Esse anonimato não me incomoda, o que me incomoda é saber que eu consigo analisar todas as coisas com precisão e esqueci de mim mesma, deixei o detalhe mais importante de minha vida passar diante dos meus olhos: eu. Sou uma desconhecida para mim. Uma anônima.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Incertezas.

                O silêncio me agrada não pela comunicação não me atrair, mas sim por apreciá-lo de fato. Nesses últimos dias é ele quem está me mantendo em pé, com forças pra seguir adiante. Saber que a restrição é um passe necessário para um futuro que talvez já esteja predestinado a acontecer dói, mas não nada pode ser feito, por enquanto...


A: Nós falamos sobre tudo.

B: Menos sobre nós.

A: Não há nada pra se dizer.

B: Falar sobre nós não é importante?

A: Sentir é o mais importante.

B: E o que você sente?


                É essa a pergunta que anda me perseguindo instintivamente: “O que você sente?” Seria esse apenas mais um capítulo de uma história mal contada ou o início de uma fábula encantada? Rasga-me milimetricamente o peito não saber se o que eu sinto é correspondido.
       Se eu segurar a sua mão promete que não vai soltar? Se eu te pedir pra ficar e nunca partir? Se eu afirmar que desistir de você seria a maior estupidez? Se... 


A: É muito difícil ficar perto de você.

B: Pra mim é insuportável.

A: Eu quero sentir o teu calor no meu corpo o tempo todo.

B: Eu quero você o tempo todo.


                Chega uma hora que a gente aprende a lidar com a situação mesmo sabendo que ela te destrói. Fingir que nada aconteceu – e está acontecendo – é torturante, mas eu aceito o desafio. Deixe que o silêncio tome conta quando as palavras precisem ser restritas e o desejo contido.

terça-feira, 17 de maio de 2011

In the edge.

Eu estou sentada na beira de um precipício ouvindo o canto dos pássaros. Eu elevo meus braços ao céu e sinto-me livre. Olho para baixo e percebo que a distância para um lugar mais bonito não é tão grande. Fecho os olhos e imagino como seria voar por alguns segundos. Senti a necessidade de gritar para soltar todos os meus demônios, pude ouvir o eco, minha mente ficou mais leve.

Eu estou sentada na beira de um precipício percebendo que é o fim de uma vida que jamais fora minha. Consigo esboçar um sorriso suave. Agora eu tinha controle sobre algo, minha decisão. Eu esperei por muito tempo sentir suas mãos segurando meus ombros, impedindo-me de cair. Você nunca vai estar presente.

Eu estou caindo no precipício sentindo que agora tudo faz sentido...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Querida dor.

                Os dias estão passando. E cada vez, um fica mais difícil que o outro. É difícil seguir em frente quando não há mais razões pra isso. É difícil caminhar sabendo que nada vai mudar. E eu me sinto culpada, entende? Faço e tenho tudo que eu quero, nada me falta, mas mesmo assim essa maldita infelicidade que não vai embora. Essa maldita vontade de acabar com a minha vida. 

                Eu não estou mais conseguindo deixar essa máscara grudada em meu rosto. Sinto que ela irá desabar. Eu me sinto tão incompleta e incompreendida. Dói mais ainda ter que esconder essa minha amargura, apenas por aparências. E sabe o que é mais frustrante? Eu não consigo chorar! Eu não consigo aliviar, não tenho uma válvula de escape. Eu vou acumulando até não caber mais em mim e eu transbordar em palavras sem sentido.

                Habituei-me com a dor... Ela me faz companhia quando todas as pessoas que julgam estar comigo em qualquer momento somem. Eu queria por um instante sorrir sem forçar, apenas por um instante... Gostaria de saber como é a sensação de felicidade plena, harmonia e paz. Trocaria minha vida por alguns instantes disso.

                Não consigo explicar... Mas é uma dor que começa na boca do estômago, sobe até os pulmões, destroça o coração e invade a mente. Faz a garganta ficar seca, as mãos suadas e trêmulas. As pupilas dilatam e a audição fica aguçada. As pernas se mexem sem parar. As unhas são roídas. É uma dor psíquica que está tomando o físico.

                Perguntas... Perguntas... Elas estão assolando a minha vida. Respostas, eu preciso delas, logo.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Última chance - perdida.

                Tentei deixar as coisas acontecerem seguindo a minha emoção, mas não deu certo – como já era o esperado – então, voltei para meu padrão: escolhas óbvias e racionais. Não vou mais me permitir sofrer por motivos que são desnecessários. Não vou mais procurar o que, ou quem me falta. Isso só prova que na realidade eu estou buscando o sofrimento.
                Descarto o sentimentalismo de vez. É tão ridícula essa história de que todo ser humano precisa de alguém para ser feliz. Não é questão que quem te faz feliz e sim, do que te faz feliz. Prefiro ficar só, com os meus pensamentos. Prefiro não sentir nada. Prefiro ser fria e seca quando o assunto é amor, do que estar sempre chorando pelos cantos por algo que nunca foi meu de fato, e provavelmente nunca será. 
                Sempre a mesma história, muito “blablabla”. O amor não é para mim, eu não consigo e eu não quero. Acho que é apenas uma ilusão criada para dar esperança a tantos desamparados e deixados de lado, carentes.
                Parei de me importar, parei de bolar perguntas, diálogos, afirmações que não tem o mínimo sentido. Estou doando o meu coração, alguém aí aceita?

domingo, 1 de maio de 2011

Nostalgia.


                Preciso de cigarros, bebidas, rock’n roll vagabundo e muito tempo livre.

                Eu me deparo com uma vida que eu sempre pensei que seria impossível conseguir. Correndo contra o relógio, eu estudo, trabalho, faço curso, treino, amo, odeio, me estresso, fico feliz e durmo pouco.

                Nostalgia. É o que sinto a maior parte do tempo quando lembro que eu tinha apenas um livro rasgado, um maço de cigarros pela metade e um litro de uísque sob a cabeceira da cama. Meu jeans surrado, meu all-star sujo e meu cabelo desarrumado. Minha trilha sonora variava entre KISS, AC/DC, Black Sabbath, Motley Crue e Led Zeppelin. Devo admitir que foi a época mais gostosa da minha vida – embora fosse muito solitária e triste. 

                Me faz grande falta poder ficar sozinha uma semana inteira, poder saborear o silêncio durante infinitas horas, sair de órbita e imaginar mundos além do nosso com vidas completamente diferentes. Me faz grande falta ser irresponsável e inconsequente.

                Mas eu cresci e a vida teve o prazer em me dar grandes e covardes surras, sabendo que eu ainda não conseguia me defender. Com o tempo eu aprendi que o mundo não é algo simples de se lidar e devo admitir que pra entender isso foi bem difícil. Mas esse processo foi bem necessário.

                Hoje em dia eu tenho tudo que minha mente ousou a sonhar, e não tenho do que reclamar. Mas às vezes, somente às vezes, eu gostaria de tirar umas férias dessa confusão e deitar em uma rede ao som dos clássicos dos anos 80, fumar um Marlboro e beber um Jhonny Walker.

sábado, 30 de abril de 2011

Amor e dor.

Doze graus negativos era o que marcava o grande termômetro situado no meio da praça. Sullivan, em pequenas e pesadas passadas de perna, caminhava dentre as árvores secas e bancos de madeira úmidos. Suas mãos estavam aninhadas dentro do bolso do casaco, seu rosto estava congelado e seus dentes tremiam com violência. A nevasca da tarde fora forte o suficiente para encobrir a cidade em 10 cm de gelo. Arriscou acender o cigarro, mas as suas mãos enrijeceram, então desistiu. Sentou à frente do chafariz congelado e fechou os olhos, suspirou fundo com sua mente sendo inundada de lembranças.

 “... Os cabelos negros e compridos dançavam quando o vento soprava. Seus olhos brilhavam quando o feixe de luz achava o seu rosto rosado. Sua risada era uma melodia suave.
- Jimmy pare com isso. – Disse-lhe a mulher que estava sendo fotografada, soltando um riso alegre.
- Eu preciso registrar a beleza mais valiosa do mundo. – Disse o homem ainda fotografando-a.
Ela então, alegre e delicada caminhou até o seu parceiro, tirou a máquina de fotografias de sua mão e depositou-a em cima da cama onde ele estava sentado. Fez com que o rapaz deitasse, e subiu em cima dele dando-lhe inúmeros beijos.
- Eu sou sua. – Dito isso o beijou com imensa necessidade, como se ficar sem aquilo pudesse ser pena de morte.
Ele acariciou o rosto da dona de seu coração e disse com a voz baixa: “Eu te amo.” Ela o olhou com serenidade e disse o mesmo, voltaram a se beijar, dessa vez com mais intensidade e então se amaram a noite toda...”.

Um pequeno sorriso esboçou o rosto amargurado de Sullivan, mas logo sentiu uma lágrima rolando em sua face e ao mesmo instante sendo congelada. Passou a mão em seu rosto a fim de tirar aquele gelo dali. Curvou-se para frente, apoiando os cotovelos no joelho e a cabeça nas mãos. Amaldiçoou ter nascido quando outra lembrança lhe invadiu o pensamento.

“... O rádio do carro estava ligado, a trilha sonora era Led Zeppelin, ambos gostavam dessa banda nos anos 80.
- Jimmy vai mais devagar, por favor. O chão está escorregadio devido à neve. – A voz de sua amada estava tensa, mas ainda soava como a mais pura melodia.
- Kathy não seja boba, o que poderia nos acontecer? – Ele olhou em seus hipnotizantes olhos negros e sorriu e ela fez o mesmo. Então ele acelerou um pouco mais e ambos começaram a rir. Mas o riso logo acabou.
Jimmy havia atravessado um sinal vermelho, a rua que cruzava a que ele estava era de trânsito violento, então uma carreta os atingiu pelo lado do passageiro. O carro rodou três vezes no ar e oito quando atingiu o chão. Quando parou estava de ponta cabeça, completamente destruído. Os dois estavam conscientes, ainda.
- Kathy? Kathy meu amor, está me ouvindo? – Disse tocando o rosto ensanguentado da mulher.
- Jim... Jimmy... O que houve? – Sua voz era de agonia.
- Sofremos um acidente, me perdoe, por favor. Eu devia ter lhe ouvido. – E, começou a derramar lágrimas.
- Eu te amo não se esqueça. – Disse ela com a voz ficando mais fraca e baixa.
- Não! – Ele gritou. – Kathy fica comigo, não fecha os olhos. Fica comigo, fica comigo, fica comigo. Kathy... NÃO! – Ele berrou ao ver que o peito dela não se mexia mais com a entrada e saída de ar nos pulmões...”.

Levantou transtornado, e deu socos violentos em uma árvore, fazendo sua mão sangrar e ficar cheia de lascas de madeira. Ele queria gritar, mas sua voz era falha, ele não tinha mais forças para nada. Ficou de costas para a árvore e foi deslizando até sentar no chão. Então abraçou os joelhos e chorou durante horas. A escuridão já estava desaparecendo quando alguns feixes de luz indicavam que outro dia estava prestes a começar. Sullivan então se levantou e seguiu rumo a sua casa, levando consigo a dor, a culpa e a tristeza.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O mundo é muito mais que dinheiro.

Sabe o que é revoltante? Saber que o mundo dá tantas oportunidades para todas as pessoas e a única coisa que elas fazem é reclamar. Falta de dinheiro, má sorte no mercado financeiro, dívidas... É sempre a mesma triste e velha história: o ser humano só sabe reclamar quando lhe falta a moeda que move o mundo.
A vida é muito mais que isso. O mundo é uma jornada tão emocionante, sinistra e intensa que perder tempo com assuntos que não são prioritários torna-se sem graça. Existem tantas coisas para serem descobertas, tantos livros para serem lidos relidos e sentidos, tanta música pra te tirar do chão, tanta paixão pra ser vivenciada, uma família para se amar. Amigos, amores, afetos, tanto... É tanto! 

Dinheiro não é tudo, dinheiro é descartável, passa de mão em mão, vai-e-vem, dá problemas, suja seu nome, faz seu estresse crescer.
É uma questão de ponto de vista e o meu é o seguinte: um ser humano se estressa mais pelo dinheiro (pela falta), do que por coisas que são importantes. O ser humano está deixando de viver e sentir para viver e gastar.
Falta sentimentalismo. Falta abrir os olhos e ver que o mundo é muito mais que uma nota impressa.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Calabouço.


Calabouço é o andar mais profundo de um castelo, geralmente utilizado como prisão (como na bastilha), como armazém ou como porão.
É descrito em filmes e livros de terror como um lugar com pouca iluminação, muito empoeirado e de difícil acesso.”


Sempre fui péssima em auto definição mesmo sabendo exatamente como eu sou.  É difícil eu ter de admitir que me tornei uma pessoa completamente fechada a sentimentos bons, eu costumava fazer de tudo para senti-los e, de uma hora pra outra isso mudou. Não sei ao certo em que momento da minha vida essa condição começou a se tornar permanente, só sei que agora é difícil desfazer-me dela.
Fechada a sete chaves numa profundidade de dez metros, sem janelas para iluminação interna e para deixar a brisa percorrer o cômodo. A única coisa que se pode notar é a escuridão. Entre quatro paredes muito bem construídas para evitar que sejam quebradas por alguém de fora que queira conhecer esse local inexplorável, e também evitar que o residente possa saber o que há além daquilo que está habituado.
Preciso saber se existe vida atrás dessas paredes espessas, necessito conhecer a sensação da liberdade, poder respirar o ar puro. Preciso me libertar desse calabouço que me enfiei, preciso de um feixe de luz que me mostre que vale a pena sair de um mundo escuro e fechado.
Eu desejo isso mais que qualquer coisa, só preciso que alguém me guie nesse processo difícil.