quarta-feira, 15 de junho de 2011

Apenas mais um desses clichês.

Ela está presente em corpo, mas sua alma fora destruída. Ela se sente perdida e confusa, esperando talvez que algo aconteça e possa mudar essa situação, mesmo sabendo que isso é impossível, ela ainda alimenta seu 1% de esperança...
Em um local não tão importante desse conto, dois rapazes – cujos nomes não fazem diferença - a observam atentamente e comentam sobre.


- O que faz essa garota sentada sozinha nesse dia tão frio, ao pé da escada?

- Emy teve o seu coração partido – pela enésima vez – e cansou do mundo.

- Mas um coração partido não é motivo para ficar dessa forma.

- Eu sei, mas para quem vive intensamente no e para o amor, é um grande motivo.


...Ou ao menos deveria ser... Para Emelly, era.


Ela se levanta para seguir seu rumo desconhecido, vagando por aí sem destino. Os olhares a acompanham, fora sempre tão vívida, iluminada, espalhando a sua alegria e diversão para com os outros que, quando a tristeza lhe invadiu, os olhos alheios especulavam. A temperatura deveria variar entre 6 ou 7 graus Celsius e ela estava vestida apenas com uma fina blusa de mangas compridas que escondiam suas mãos.


- Ei garota, psiu.

- O que diabos está fazendo?

- Preciso saber o que ela tem.

- Não faça isso.

- Porque não? Emelly venha até aqui.


A garota do coração partido caminha até os rapazes com uma expressão curiosa e ao mesmo tempo apreensiva. Cruza os braços a fim de aquecer dos dedos congelados pelo o vento cortante. Esboça um fraco sorriso quando pára na frente desses rapazes – que são seus amigos.


- O que houve?

- Não é nada Emy, esse idiota apenas está tentando provar mais uma vez que é um idiota.

- Já me acostumei com isso, deixe-me ver a idiotice de hoje...

- Então me diga: como é ter um coração partido?

- E porque isso lhe interessaria?


Um vago silêncio invadiu o local. Boba, tentando fugir do assunto que tanto lhe machucava fazendo piadas desnecessárias. Mas o garoto idiota não se importou, insistiu. Por fim sem mais delongas, Emelly botou pra fora o que lhe corroia.


- Deixe-me achar as palavras certas para você, idiota. Sabe como é dor de cortar o meio dos dedos com papel? Ou quando lhe apertam um machucado que ficou roxo? Topar na mesa da cozinha o dedo mindinho do pé? Queimar a língua com café quente?

- Eu não estou entendendo, ter um coração partido é o mesmo que ter essas pequenas dores insuportáveis, mas curáveis?

- Mas que coisa, deixe-me terminar sem interrupções. Como eu ia dizendo... Essas dores seriam uma Coca-cola bem após um Cooper de duas horas em um parque ensolarado. Uma lasanha quentinha quando seu estômago urra de fome. O prazer de ganhar um presente de alguém querido...

- Espere Emy... Você está me confundindo.

- Ótimo, agora eu preciso ir.


Emelly deu as costas a esses dois rapazes, suspirou fundo com um nó na garganta, desejando que ela se fechasse impossibilitando a passagem do ar a seus pulmões. Comprimiu os lábios e então pode prosseguir o seu caminho incerto. Com seus leves desejos doentios de que algum trágico acidente acontecesse com ela nesse meio tempo.
A morte é fácil, a vida é difícil. Pensava então.

Um comentário:

  1. Esse seu texto acaba de se tornar o meu preferido seu, um dos preferidos em geral. É um bom resumo disso. Bom que expôs as pessoas que não entendem. :/

    ResponderExcluir