Ela está presente em corpo, mas sua alma fora destruída. Ela se sente perdida e confusa, esperando talvez que algo aconteça e possa mudar essa situação, mesmo sabendo que isso é impossível, ela ainda alimenta seu 1% de esperança...
Em um local não tão importante desse conto, dois rapazes – cujos nomes não fazem diferença - a observam atentamente e comentam sobre.
- O que faz essa garota sentada sozinha nesse dia tão frio, ao pé da escada?
- Emy teve o seu coração partido – pela enésima vez – e cansou do mundo.
- Mas um coração partido não é motivo para ficar dessa forma.
- Eu sei, mas para quem vive intensamente no e para o amor, é um grande motivo.
...Ou ao menos deveria ser... Para Emelly, era.
Ela se levanta para seguir seu rumo desconhecido, vagando por aí sem destino. Os olhares a acompanham, fora sempre tão vívida, iluminada, espalhando a sua alegria e diversão para com os outros que, quando a tristeza lhe invadiu, os olhos alheios especulavam. A temperatura deveria variar entre 6 ou 7 graus Celsius e ela estava vestida apenas com uma fina blusa de mangas compridas que escondiam suas mãos.
- Ei garota, psiu.
- O que diabos está fazendo?
- Preciso saber o que ela tem.
- Não faça isso.
- Porque não? Emelly venha até aqui.
A garota do coração partido caminha até os rapazes com uma expressão curiosa e ao mesmo tempo apreensiva. Cruza os braços a fim de aquecer dos dedos congelados pelo o vento cortante. Esboça um fraco sorriso quando pára na frente desses rapazes – que são seus amigos.
- O que houve?
- Não é nada Emy, esse idiota apenas está tentando provar mais uma vez que é um idiota.
- Já me acostumei com isso, deixe-me ver a idiotice de hoje...
- Então me diga: como é ter um coração partido?
- E porque isso lhe interessaria?
Um vago silêncio invadiu o local. Boba, tentando fugir do assunto que tanto lhe machucava fazendo piadas desnecessárias. Mas o garoto idiota não se importou, insistiu. Por fim sem mais delongas, Emelly botou pra fora o que lhe corroia.
- Deixe-me achar as palavras certas para você, idiota. Sabe como é dor de cortar o meio dos dedos com papel? Ou quando lhe apertam um machucado que ficou roxo? Topar na mesa da cozinha o dedo mindinho do pé? Queimar a língua com café quente?
- Eu não estou entendendo, ter um coração partido é o mesmo que ter essas pequenas dores insuportáveis, mas curáveis?
- Mas que coisa, deixe-me terminar sem interrupções. Como eu ia dizendo... Essas dores seriam uma Coca-cola bem após um Cooper de duas horas em um parque ensolarado. Uma lasanha quentinha quando seu estômago urra de fome. O prazer de ganhar um presente de alguém querido...
- Espere Emy... Você está me confundindo.
- Ótimo, agora eu preciso ir.
Emelly deu as costas a esses dois rapazes, suspirou fundo com um nó na garganta, desejando que ela se fechasse impossibilitando a passagem do ar a seus pulmões. Comprimiu os lábios e então pode prosseguir o seu caminho incerto. Com seus leves desejos doentios de que algum trágico acidente acontecesse com ela nesse meio tempo.
A morte é fácil, a vida é difícil. Pensava então.
Esse seu texto acaba de se tornar o meu preferido seu, um dos preferidos em geral. É um bom resumo disso. Bom que expôs as pessoas que não entendem. :/
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