sexta-feira, 23 de julho de 2010

Inferno Pessoal.

Primeiro passo. Breu. As luzes sumiram. Luzes, clarões que dividem meu ser.
Segundo passo. Silêncio. As vozes se calaram. Vozes, criações da minha mente.
Terceiro passo. Insanidade. As visões tomaram força. Visões, a minha realidade agora.

Como a batida dos ponteiros do relógio, eu escutei o teu coração acelerado dizendo que iria partir. E do mesmo modo, quando as pilhas acabaram e eu não ouvia mais aquele tic-tac, meu coração parou. Fração de segundos pra não ter mais o tocável.

As noites, eu me recordo até hoje. As mais fortes bebidas. Os maços de cigarro. Meu corpo rastejando pelo chão sem força alguma. Os olhos pesados, sem brilho algum. Não havia mais alma, não havia mais ninguém.

Dia pós dia, noite pós noite. Eu sentia o teu cheiro a cada garrafa que abria. Eu via teu rosto a cada desenho de fumaça da nicotina no ar. A presença que eu criei estava ali.

Do relógio não saia som algum, silêncio. Minha alma estava perdida em algum tempo-espaço em outras dimensões. Dimensões sangrentas, mortas e fétidas. Dimensões onde não haviam tic-tacs. Onde só havia o silêncio.

Envolvida pelo breu, pelo silêncio e pela insanidade. E lá fiquei. Fiquei sem a luz, sem as vozes, sem a realidade. Estava só, envolvida pela podridão que sobrou no meu ser.

"Tic-tac." Aquele som estrondosamente conhecido. Que não era recordado há tempos. Outra alucinação da minha pobre mente enfraquecida neste inferno pessoal.

Espera...

O relógio voltou a funcionar.

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