sexta-feira, 23 de julho de 2010

Arrependimentos.

Seria tão mais fácil, poder anteceder o fim, poder escolher em que momento tu quer que tudo acabe.
Se eu pudesse, meu fim teria sido decretado à MUITO tempo atrás. Em tempos que eu estava descobrindo os pesadelos que hoje em dia me assombram. Em tempos que eu apenas sonhava, com coisas que eu sei que hoje em dia me fariam feliz.

Contradições acontecem, em todos os lugares! Que bela irônia, não?

O que tu sempre almejou, sendo destruído por algo que te dá prazer momentâneo. A tua felicidade voando pelos dias que tu desperdiçou querendo aproveitar o máximo do tempo que tinha.
PORRA. Havia tantas coisas diferentes a fazer, mas não, tu sempre quis fazer pelo lado mais difícil. É de praxe, vindo de mim.

Agora te lasca. Viva teus pesadelos, teus temores. Tenha teus medos e seja completamente infeliz. PORQUE EU SEI QUE ÉS. Eu sinto, eu vivo, eu sei. Eu conheço o inferno que se passa dentro de minha mente.

Pena eu não poder te mostrar um pouco, pra tu ter a decência de ver que tua vida não é tão ruim assim...

Inferno Pessoal.

Primeiro passo. Breu. As luzes sumiram. Luzes, clarões que dividem meu ser.
Segundo passo. Silêncio. As vozes se calaram. Vozes, criações da minha mente.
Terceiro passo. Insanidade. As visões tomaram força. Visões, a minha realidade agora.

Como a batida dos ponteiros do relógio, eu escutei o teu coração acelerado dizendo que iria partir. E do mesmo modo, quando as pilhas acabaram e eu não ouvia mais aquele tic-tac, meu coração parou. Fração de segundos pra não ter mais o tocável.

As noites, eu me recordo até hoje. As mais fortes bebidas. Os maços de cigarro. Meu corpo rastejando pelo chão sem força alguma. Os olhos pesados, sem brilho algum. Não havia mais alma, não havia mais ninguém.

Dia pós dia, noite pós noite. Eu sentia o teu cheiro a cada garrafa que abria. Eu via teu rosto a cada desenho de fumaça da nicotina no ar. A presença que eu criei estava ali.

Do relógio não saia som algum, silêncio. Minha alma estava perdida em algum tempo-espaço em outras dimensões. Dimensões sangrentas, mortas e fétidas. Dimensões onde não haviam tic-tacs. Onde só havia o silêncio.

Envolvida pelo breu, pelo silêncio e pela insanidade. E lá fiquei. Fiquei sem a luz, sem as vozes, sem a realidade. Estava só, envolvida pela podridão que sobrou no meu ser.

"Tic-tac." Aquele som estrondosamente conhecido. Que não era recordado há tempos. Outra alucinação da minha pobre mente enfraquecida neste inferno pessoal.

Espera...

O relógio voltou a funcionar.

Desabafo - 2.

Há tempos que não consigo escrever o que me dá prazer, o que me toca de verdade.
Há tempos que não consigo mais sentir aquela intensidade insana e incontrolável que eu tenho quando minhas palavras são colocadas em um papel.
As coisas andam extremamente diferentes, mas nada mudou.
Minha mente se contorce em trajetos distorcidos que nem mesmo eu sei definir. Meu coração cada vez mais lento, cada vez com menos emoções para botar pra fora.
Teve uma época em que eu era movida a emoções fortes, intensas e vívidas, hoje, não importa mais, é seco e cru.
Sempre fui inexperiente em escrever sobre o coração, minha lábia sempre foi a mágoa, a tristeza, o rancor. Tudo aquilo que as pessoas tem medo de colocar para fora.

Mas essa minha obsessão em querer ser incompreendida, essa maldita obsessão...

Eu queria poder escrever sobre a felicidade, que muitos procuram saber. Eu queria poder, em meus textos, dar todas as respostas que afligem mentes confusas. Eu queria tanta coisa. Mas, principalmente, eu quero aquela intensidade, aquela paixão pela literatura, que há muito tempo eu deconheço.
Eu me perdi, não sei como voltar. Meu egoísmo não deixa.

Desabafo - 1.

As costas estão pesadas. Sinto queimar.

Não quero mais ter que carregar esse peso tremendo. Não quero mais enfrentar situações que não são necessárias. Bom, podem até ser. Mas eu cansei de lutar.

É engraçado quando todo mundo te aponta o dedo na cara, falando que tu não sabe, que tu não pode e que tu não consegue. Ou simplismente têm o prazer de dizer que quando o espelho quebrou, não há mais concerto. Sempre haverá rachaduras.

Porra, mesmo com as distorções que o espelho quebrado pode refletir, há como ver a imagem.

Aplausos. Acho que estamos em um picadeiro de circo. Circo de horrores. Pois a criatura deformada principal está aqui. Taca as pedras.

As costas estão travadas. Não sinto mais nada.

Esse peso que me priva de tanta coisa, que me deixa tão estática em um único lugar, faz com que minha consciência fique mais pesada.

Cada dia, uma lembrança. Cada lembrança, um arrependimento.

O que uma mente pode fazer, quando o corpo não aguenta mais seguir em frente?
O que uma mente pode resolver, se o peso não te deixa caminhar?

O que fazer? Como mudar? Como recomeçar?

Culpa. Vergonha. Desprezo.

Teu nome é "o nada", sempre foi.

Paralogista.

Eu manjo esse teu raciocínio falaz. Tu não me enganas.

Teu prazer é fazer tuas mentiras se tornarem as mais verdadeiras possíveis. Tua arma é a enganação!
Mas esqueceste de um detalhe: eu vejo muito bem, eu percebo muito bem.

Fica brabo. Toma um gole. Olha pra mim. Faz carão.

Essa bola de neve tá cansando. Tu só faz as coisas por interesse próprio.
Teu discurso é muito retórico. Estou enjoando.

Tu não gosta. Tu não quer. Tu não sente.
Tu apenas quer mostrar que tua lábia é muito boa e que sempre consegue o que quer.

Não comigo. Paralogista. Sai de perto, to cansada.

Fica nervoso. Enxe a cara. Não me olha mais. Fica com vontade de matar.

Te toca, tu não é único. Teu teatro não me engana.